O piso é uma das maiores áreas de cobertura de um ambiente, e portanto, sua escolha passa por diversos critérios relacionados tanto a questões estéticas e de identidade visual, quanto questões técnicas de resistência e manutenção. É comum usar pisos diferentes para áreas com usos distintos e muitas vezes essa transição não é demarcada por paredes nem portas. A seguir, traremos dicas de como fazer essa transição de maneira harmônica quando não há um limite físico entre os pisos.
Estamos normalmente acostumados a usar pisos diferentes para demarcar áreas com usos distintos: cozinha e sala de jantar, sala de estar e varanda, ou ainda sala de estar e corredor, por exemplo. Essa demarcação quase sempre vem acompanhada de paredes e portas que definem o limite de cada atividade e também de cada piso – portanto, em cada ambiente é dado o tratamento adequado para cada tipo de piso instalado.
Na arquitetura contemporânea, porém, com a popularização das plantas abertas e dos espaços integrados, é cada vez mais comum setorizar os espaços e organizar os fluxos a partir de transições mais suaves como mobiliário, pequenos desníveis, forros rebaixados, ou ainda, mudança de piso. Essa mudança pode ser uma alteração simples de material e paginação, mas também pode ser a inserção de um elemento decorativo, chamado de "tapete", em uma porção do chão. Para ambas as situações é preciso pensar sobre como combinar materiais, texturas e formatos diferentes
O mais comum é marcar a transição entre uma área molhada e uma área seca, como é o caso das cozinhas integradas com as salas de jantar. Nessa divisão vemos frequentemente a combinação de um piso quente, que pode ser madeira, vinílico ou laminado, com um piso frio na cozinha, que pode ser porcelanato, cerâmico ou ainda o ladrilho hidráulico ou granilite.
Essa transição entre pisos pode ser feita ainda para destacar outros ambientes, como hall de entrada ou circulações que sejam importantes para o projeto.
Uma alternativa é usar o piso frio para marcar um espaço ou uma atividade. Os "tapetes", como são chamados esses recortes de piso no meio de um ambiente, normalmente são feitos a partir do contraste de dois tipos de pisos diferentes.
A combinação de pisos não está restrita à ambientes internos; é possível fazer isso nos espaços externos e principalmente nos terraços, espaços cobertos mas que estão totalmente abertos para o exterior. Nesses casos é sempre bom prever o fluxo das águas e garantir que haja um desnível adequado para o escoamento da chuva, evitando, assim, inundações internas.
A setorização é bastante utilizada também em ambientes comerciais, combinando pisos quentes como carpetes, madeiras, vinílicos e laminados para ter um resultado dinâmico e integrado.
Por vezes a inserção de outro tipo de piso é uma solução para recuperações e reformas. Quando o piso original está degradado, é possível fazer um recorte e substituir as peças degradadas por um outro tipo de piso, contrastando com o original e trazendo identidade para o projeto. Da mesma forma, é possível registrar nos acabamentos as alterações feitas, deixando vestígios de uma parede que foi removida, por exemplo, com outro tipo de piso.
Por fim, alguns pontos são importantes e devem ser observados ao combinar dois tipos de pisos. Primeiramente, é necessário escolher se haverá ou não algum tipo de elemento de transição entre eles. Nas transições de piso em portas é comum instalar soleiras ou baguetes como acabamento e correção dos desníveis. Quando a mudança de piso ocorre sem a presença de uma porta, é possível também instalar soleiras, baguetes ou ainda filetes. Essas peças são importantes quando há desnível e servem para dar acabamento ao pequeno degrau gerado pela diferença de altura. Podem ser de pedra ou metálicos.
Em segundo lugar, é importante se ater às diferenças de espessura dos materiais combinados. Os ladrilhos hidráulicos, por exemplo, tendem a ser mais espessos que os vinílicos, laminados e porcelanatos, por exemplo, e exigem algum tipo de acabamento. Por fim, para que a combinação seja bem-sucedida, é importante haver um estudo prévio da paginação. O projeto de piso feito a partir das medidas reais existentes é fundamental para considerar o tamanho das peças e as formas de encaixe mais adequadas, evitando o desperdício e garantindo a melhor combinação.